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‘Angola’, um curta-metragem sobre as cores e ritmos de Luanda

As cores e ritmos de Luanda, capital angolana, saltam aos olhos e ouvidos do espectador no mini-documentário “Angola”. Dirigido pelo músico Silva, em parceria com Angelo Silva e William Sossai, o filme traz registros feitos no país africano no final de 2013.

O músico capixaba se deslocou até Angola por conta da música, “Volta”, inspirada em ritmos afros, presente no seu segundo álbum, “Vista pro Mar”. As imagens feitas no país renderam um videoclipe e o documentário em questão.

Em vez de fome, tristeza ou calamidade, o curta-metragem ressalta a simpatia dos angolanos e sua intimidade com a dança, mais especificamente com o kuduro, “cultura que não é ensinada em escolas, se aprende na rua com os amigos, dançando nas festas”,  como escreve o músico.

Com pouco mais de 5 minutos, o curta-metragem é narrado pelo próprio Silva. “Se você olhar do jeito certo, fica claro o potencial e a força desse povo”, declara.

Assista ao documentário a seguir:

Assista ao videoclipe:

Originalmente no https://culturaemcasa.catracalivre.com.br/online/angola-um-curta-metragem-sobre-as-cores-e-ritmos-de-luanda/

Obrigado Edmonton Expo pelo Super fim-de-semana.

Com um total de 30 festivais acontecendo durante o ano, Edmonton é conhecida como a Cidade dos Festivais, e nesse fim de semana aconteceu o Edmonton Expo, Festival sobre Comics e Entretenimento. No mundo todo os eventos sobre comics, entretenimento, animes e mangá leva muitas pessoas a usarem a criatividade e trabalho duro para confeccionar fantasias e vestirem o orgulho que tem de serem fãs de personagens não só de quadrinhos, mas também de filmes, games e séries de tv. Uma coisa é certa, não existe limite para a criatividade, nem mesmo financeiro ou de tempo, um dos participantes do concurso de fantasias falou que levou 6 meses criando a sua fantasia que estava participando na categoria Master.

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O evento aconteceu em 3 dias agora em setembro e levou muita gente para o Expo Center aqui em Edmonton. Dentro da programação tinha de tudo o que se poderia imaginar, de paineis de perguntas e respostas com atores Kunal Nayyar (Dr. Raj Koothrappali) and Simon Helberg (Howard Wolowitz) da série The Big Bang Theory, em outro painel sobre “The Whedonverse” quem participou foram Summer Glau (Arrow), J. August Richards (Agents of Shield and Arrow) Amy Acker (Angel, Agents of Shield and Person of Interest), até exposição de quadros e cenários de batalhas de Star Wars feitos totalmente com Lego. Muita coisa bacana mesmo, você poderia escolher, se ia assistir um painel com alguns atores famosos ou um workshop sobre storyboard para filme e tv, ou até mesmo um palestra sobre Klingon ou o uso de novas linguagens no universo do entretenimento.

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Raj Koothrappali e Howard Wolowitz da série The Big Bang Theory

Sem falar dos food trucks e da enorme feira com expositores sedentos pra levar todo o seu dinheiro. Você encontrava posters, fantasias das mais simples até as réplicas, DVDs, CDs de bandas ou trilhas sonoras, badges, stickers, bonecos e toyarts.

Na verdade o bacana mesmo era ir para os enormes corredores ver, tirar fotos e aproveitar a grande diversão que era todo mundo fantasiado com seu personagem favorito. E não tinha tempo ruim, a hora que alguém apontasse uma câmera fotográfica pra onde que fosse alguém iria fazer a pose do personagem ou fazer algum tipo de brincadeira.

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De Angola para o Mundo

Texto da Aline Frazão, publicado no site Rede Angola.

Vi cartazes do I Love Kuduro até nos autocarros da Carris. O documentário, que pretende contar a história do Kuduro, de Angola para o mundo, desde os anos 90 até hoje, estreou na semana passada em Portugal. Vi o I Love Kuduro numa pequena sala dos cinemas do Colombo – antiga capital de Angola em Lisboa, hoje destronada pela Avenida da Liberdade.

Saí da sala de cinema com sentimentos contraditórios. Não há dúvida que o filme reproduz algumas das principais características do Kuduro e da nossa sociedade. O humor e a loucura, o caos e a irreverência, o star system e a ambição, a busca de uma identidade, a importância da imagem, a fome de fama e as contradições do Museke como epicentro da falta de tudo, menos de criatividade.

O Kuduro tem boas estórias. É impossível não rir ao ouvir falar o Presidente Gasolina ou o Príncipe Ouro Negro. É impossível não admirar o Hochi Fu, produtor visionário de inspiração norte-americana, que ajudou a transformar o “Ninguém” na superstar Cabo Snoop. Um dos episódios mais interessantes é o dos dançarinos da velha guarda, que explicam em detalhe o estado de transe em que entram enquanto dançam. Sob o efeito da batida e da adrenalina, sentem que ganham poderes especiais. Podem subir paredes ou até mesmo voar. Um deles explica essa vertente meio clown do kuduro, essa vontade de fazer o outro rir e usar o riso como remédio para as malambas da vida.

Mais do que a repetida discussão sobre quem foi que inventou o Kuduro, não se pode compreender este estilo de dança e de música, hoje, sem falar dos Lambas e do Nagrelha, também conhecido como “Estado Maior”. Não se pode entender o Kuduro sem conhecer o trajecto da carismática Titica, “la nouvelle étoile du kuduro angolais”. Todos estes personagens excêntricos, polémicos, irreverentes, são – queiramos ou não – os protagonistas do Kuduro e da cultura popular urbana do país.

No entanto,  notámos algumas ausências de peso, ausências que fazem do filme parcial e incompleto. Em primeiro lugar, o documentário não destaca nenhuma kudurista mulher, além da Titica. Não será por haver poucas mulheres no Kuduro. Na verdade, há cada vez mais. Algumas até bastante famosas. No filme sente-se a falta de mais pontos de vista femininos. Essa é, para mim, uma das grandes falhas do documentário.

Fica também de fora Sacerdote, alma mater da produtora Circuito Fechado, ponto de referência incontornável do Kuduro nacional. Sacerdote rima de boca cheia e com conteúdo. Além disso, foi mais longe e criou condições para que outros jovens como ele pudessem gravar e lançar as suas músicas, através do projecto Circuito Fechado.

Quem também quase passa desapercebido no filme é o popular Bruno M., o “kudurista intelectual”, que foi considerado o melhor do ano em 2012 pelo Angola Music Awards. Bruno M. usa o Kuduro como arma de intervenção social através das suas poderosas letras e do seu olhar crítico. Em “I Love Kuduro” teve direito a uns míseros 30 segundos no episódio dedicado ao Presidente Gasolina e Príncipe Ouro Negro.

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I Love Kuduro vem reforçar essa ideia de autenticidade (irrefutável) que o Kuduro tem. O Kuduro é nosso, é de Angola para o mundo. Mas o Kuduro, ao mesmo tempo que é um impressionante espectáculo de entretenimento, uma performance explosiva, uma força da natureza, também consegue ser, por vezes, um terreno escorregadio, limitador, vazio. Angolano às vezes dança para esquecer. Ri por não querer chorar. Inventa um novo coro para matar as horas difíceis. Mas quando a batida acaba, a vida, essa, continua lá.

Angola é Kuduro mas não só. É a terra do semba, da kizomba, da rebita, da trova chorada, da kilapanga e da tchianda.  Como canta o Paulo, “nada contra o Kuduro”. Certo é que seremos aquilo que decidirmos ser.

Original aqui: http://www.redeangola.info/opiniao/de-angola-para-o-mundo

A página oficial da Aline Frazão.

Site da Rede Angola, lá você encontra muita informação bacana.